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Clara do Vale

Clara do Vale

Escrever a minha biografia é tarefa que se perde na constante vontade de me encontrar no eterno presente da minha existência.

Nesta passagem pela terra, passados cinquenta e sete anos, quedo-me diante da vontade de responder à questão do sentido da minha existência. São múltiplas as respostas que se entrecruzam, todas elas ancoradas no mesmo porto de abrigo, naquele porto que me faz retornar aos tempos de menina, aos tempos do calor familiar que me acolhia. Em suma, aos desígnios do que de melhor permanece em mim: o meu estado de criança, o meu lado leve de levantar os olhos para o infinito e agradecer.

Cada vez mais eu me encontro não nos lugares, não nas formas, mas nos conteúdos. Cada vez mais sou aquilo que manifesto e manifesto aquilo que sou. Hoje vou-me encontrando em cada passo, neste caminho onde me realizo. Ainda sinto dor nas minhas feridas emocionais, mas rendo-me à minha vulnerabilidade, rendo-me à minha água e ao meu fogo porque sei que sou a essência que está no meio dos dois...

Carregada de esperança e inundada pela vontade de permanecer incólume aos vazios de cada sombra que me visita, continuo centrada na conquista da luz e, a cada respiração contida, mais ávida de estar com o outro, de partilhar cada etapa da vida.

Que o universo, em profundo amor e complacência, continue a expandir-me, qual centelha de luz que ilumina as escolhas e os caminhos de todos os que se aproximam.

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